quarta-feira, 11 de junho de 2008

Solstício de Inverno - Ano Novo Andino

O solstício de inverno marca para os índios aymarás o começo de um novo ano.
A cerimônia do Ano Novo Andino (marat'aqa) coincide com o solstício de inverno, que é quando o sol está mais distante do hemisfério sul do planeta.
Tem sua origem no fato de que o indígena sempre utilizou a natureza como uma fonte de sabedoria para saber como viver.
O homem andino sempre considerou o movimento do sol, as correntes do vento e a época das chuvas para determinar o momento propício para obter alimentos.
Desde tempos imemoriais ele se valeu da observação da natureza para determinar quando é tempo de semear e quando é tempo de colher.
É por isso que o ritual do Ano Novo Andino compreende uma série de simbolismos que corroboram a inter-relação que existe entre o indígena e a natureza.
Há vários simbolismos que se podem observar nesta celebração. Tal é o caso da fertilidade da terra com o sacrifício de lhamas cujo sangue é uma oferenda ao Sol, a Terra e a outras deidades andinas, para dessa forma assegurar a prosperidade agrícola e pecuária.
Além de significar um ato de ligação do homem com a natureza, a celebração do solstício de inverno é um símbolo de identidade cultural dos países andinos.
A celebração nasceu no final do século passado como um movimento de resgate e reivindicação da identidade indígena depois que os ritos religiosos andinos foram proibidos na Bolívia Colonial.
Para os sociólogos o ano novo aymará também se constitui num ato de caráter político onde alguns movimentos indígenas buscaram espaço de reivindicação política nos anos 60 e 70 na Bolívia.
As principais reivindicações era poderem contar com uma religião própria, um partido político próprio e serem identificados como uma nação cuja historia tem a sua própria leitura.
O ritual de solstício de inverno se constitui em uma cerimônia que consta de símbolos tanto quéchuas como aymarás, o que mostra a unidade étnica dos povos andinos.
Eles procuram se destacar dos brancos e mestiços e formar uma só unidade através do culto ao deus Sol dos quéchuas junto com o culto a Pachamama dos aymarás. Com isso querem contar uma nova história diferente da história da Bolívia que é a história contada pelos brancos.
Tiwanaku representa o lugar mais sagrado para os aymaras porque as ruínas da cidade representam a presença física de seus antepassados e é ali onde eles se sentem como uma só unidade e rendem homenagens aos Achachilas, aos Tunupas e às demais deidades que formam parte do mundo andino aymará.
Pode-se dizer que o solstício é o tempo em que o sol se encontra mais afastado da linha do Equador e, logicamente, mais distante de um dos hemisférios terrestres. No hemisfério sul ocorre próximo aos dias 21 de junho e 22 de dezembro de cada ano.
Ocorre que para a astronomia, o momento do solstício é definido como aquele em que o sol, visto da Terra, se encontra o mais distante possível do equador celeste e, portanto, isso quase nunca coincide com as primeiras horas da manhã quando os amautas celebram seus rituais e fazem suas oferendas.
Marcelo Godoy

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