quinta-feira, 28 de maio de 2009

Época - Elas se preocupam com o futuro do planeta


Realizar a coleta seletiva, apagar a luz ao deixar o cômodo, evitar usar o carro. Ações cotidianas que cada um pode adotar para diminuir seu impacto ao meio ambiente. Mas nada disso fará sentido se as maiores emissoras de gases poluentes, as empresas, não se engajarem na luta contra o aquecimento global. Afinal, aproximadamente 77% de nossas emissões são provenientes de produtos que adquirimos.
Com a cobrança de acionistas e consumidores, as empresas aos poucos peceberam suas responsabilidades em conter a evitável onda de calor que vêm por aí. Para conferir o trabalho das instituições e elencar as iniciativas mais relevantes, a ÉPOCA realiza anualmente o Prêmio de Mudanças Climáticas. Em setembro deste ano, serão divulgadas as empresas mais “verdes” de 2009.
A primeira edição da premiação ocorreu no final de 2008. Como este ano, as empresas concorreram em duas categorias: Melhor Gestão e Melhor Estratégia. Ficaram com os primeiros lugares, respectivamente, a Votorantim Cimentos e a Natura.
A Votorantim Cimentos ganhou o título de Melhor Gestão devido ao seu inventário de emissões. A companhia faz medições de gases de efeito estufa desde 2002 com auditoria externa. Assim, conseguiu identificar várias oportunidades de aperfeiçoamento. Inclusive a meta de chegar, em 2010, com emissões 10% menores que em 1990. Esse trabalho superou o esperado. Mesmo com aumento da produção, em 2007 o lançamento de gases poluentes diminiu para 13,3%. Combustíveis alternativos – como casca de arroz, de castanha-de-caju e bagaçu de cana-de-açúcar – usados no lugar do carvão e do petróleo para aquecer os fornos foram alguns dos responsáveis. Pneus velhos e resíduos de outras indústrias também entraram na lista. Para tantas ideias diferentes, os próprios funcionários opinam. Como resultado, hoje ela é a cimenteira com maior eficiência de emissões do mundo.
Quanto emite – em toneladas
14.931.241
A empresa de cosméticos Natura recebeu o prêmio de Melhor Estratégia por envolver fornecedores e distribuidores no seu plano de redução de impacto ao meio ambiente. Influenciando, dessa maneira, o comportamento do próprio consumidor. O objetivo da empresa é reduzir as emissões de gases poluentes em 33% até 2011. Para tal, ela mediu todo o carbono liberado desde a fabricação de matéria-prima pelos fornecedores até os produtos entregues na mão dos clientes. Em seguida, a empresa lançou várias ações. Por exemplo, fabrica produtos com óleo vegetal de frutos colhidos por comunidades da Amazônia - mantendo a floresta em pé. Os carros dos distribuidores usam álcool ou gás natural. Entre grandes distâncias, opta pelo transporte marinho no lugar do rodoviário. Em São Paulo, as embalagens usadas são recolhidas e enviadas para a reciclagem. Além disso, a empresa cria grupos em cada departamento para identificar oportunidades de redução e compensa o carbono liberado por sua cadeia de produção financiando projetos de redução de emissões em outras companhias.
Quanto emite – em toneladas
183.619 (incluindo as redes de fornecedores e distribuidores)
Apesar da Votorantim Cimentos e Natura terem conseguido os primeiros lugares, outras empresas também avaliaram suas emissões e traçaram metas de redução. Conheça as 20 instituições – e suas ações - Líderes em Mudanças Climáticas do país de 2008:

AmBev
Quanto emite: 666.459
Plano para redução: A fábrica de bebidas está substituindo os combustíveis fósseis (como gasolina e diesel) por biocombustíveis, como o biogás. O gás é produzido pela própria AmBev, a partir de resíduos orgânicos. Ele é usado nas caldeiras para a fabricação de cerveja.

Anglo American
Quanto emite: 426.246
Plano para redução: A mineradora vai substituir o óleo combustível feito a partir de petróleo por lascas de madeira de eucalipto de suas áreas de reflorestamento. Esse processo será feito em alguns dos fornos em que a empresa beneficia minérios.

ArcelorMittal
Quanto emite: 13.956.196
Plano para redução: A siderúrgica anunciou que vai reduzir as emissões de CO2 no processo de fabricação de metais e nas comunidades onde atua. Essas reduções podem ou não gerar créditos de carbono.

Banco Bradesco
Quanto emite: 217.110
Plano para redução: Usa geradores de emergência movidos a diesel com a menor emissão possível. Vai reduzir em 10% o consumo de energia elétrica. Também pretende reduzir em 1,5% a geração de resíduos orgânicos, que são destinados aos aterros sanitários e emitem metano em sua decomposição.

Banco HSBC Bank Brasil
Quanto emite: 20.431
Plano para redução: Vai incentivar a utilização de videoconferências para evitar viagens. Já possui 49 salas para videoconferências e 210 para audioconferências. Também vai trocar o gerador elétrico a diesel da Central Administrativa. Ele será movido a hidrogênio, que emite apenas água e calor.

Banco Itaú
Quanto emite: 2.439
Plano para redução: Quer renovar a frota. Os 164 carros movidos a gasolina serão trocados por carros flex. Pretende substituir os aparelhos de ar condicionado que utilizam muita energia por outros que consomem menos e substituir reuniões presenciais por videoconferência e teleconferência.

BSH Continental
Quanto emite: 6.503
Plano para redução: Cada refrigerador da empresa consome 45% menos eletricidade que os de outros fornecedores do Brasil, de acordo com o Inmetro. A empresa consegue esse rendimento porque seus refrigeradores possuem compressores mais eficientes. A BSH compensa parte das emissões plantando árvores.

CESP
Quanto emite: 8.748
Plano para redução: A companhia elétrica vai reduzir em 10% as emissões de combustíveis, consumo de energia elétrica e de papel, que é destinado a aterros sanitários e emite metano. Também quer reduzir emissões de resíduos orgânicos, como grama e plantas aquáticas, que emitem metano ao se decompor. Um dos caminhos é transformar esses resíduos em adubo.

DPaschoal
Quanto emite: 8.290
Plano para redução: A rede de oficinas pretende identificar as oportunidades de redução das emissões. Vai realizar projetos de plantio de árvores para compensar o carbono emitido.

Duratex
Quanto emite: 1.133.176
Plano para redução: A empresa de materiais de construção tem um compromisso com a Bolsa de negociação de créditos de carbono de Chicago (CCX) para reduzir suas emissões. As reduções serão feitas pela absorção de carbono em seus plantios florestais.

Polícia Federal
Quanto emite: 16.000
Plano para redução: Como os combustíveis fósseis representam 93% das emissões totais, sendo a gasolina o combustível que mais emite (36%), a PF estuda a troca dos automóveis a gasolina por álcool. No caso da polícia judiciária, que usa caminhonetes, barcos ou aviões para prisões e investigações, as emissões serão compensadas com plantio de árvores.

Renault
Quanto emite: 22.618
Plano para redução: A montadora quer reduzir o consumo de energia e de combustíveis dos equipamentos de produção e reduzir as emissões dos carros fabricados, para emitir menos
gás carbônico e monóxido de carbono nas ruas. Há ações em energia renovável, com a obtenção de 86% de energia hidrelétrica em 2008. A Renault pretende chegar a 1% em energia eólica e 1% de solar.

EDP Energias do Brasil
Quanto emite: 11.407
Plano para redução: A operadora de energia utiliza uma frota de carros com gás natural (GNV), que emite menos que o diesel, para a equipe técnica e os executivos da empresa. Para a adoção de novos veículos, priorizam os que usam combustíveis menos poluentes.

Fetranspor
Quanto emite: 1.685.000
Plano para redução: Em 2007, a federação de empresas de ônibus do Rio de Janeiro lançou o programa de uso de biodiesel em 3.500 ônibus. Os veículos circularam durante seis meses sem interrupção. A empresa possui um convênio com o governo do Estado para reduzir em 7,5% as emissões. Todos os 18.300 ônibus são monitorados por técnicos ambientais.

Honda Automóveis
Quanto emite: 1.393.224
Plano para redução: A montadora vai trocar os carros da empresa de gasolina para etanol até 2010. Colocará reguladores de temperatura nas salas da empresa para reduzir o consumo de ar-condicionado. Já possui várias áreas com telhado translúcido (material que permite a passagem de luz). A técnica será estendida a todas as áreas produtivas.

Moto Honda
Quanto emite: 35.707
Plano para redução: Pretende chegar a 2010 com a emissão de 17,22 quilos de CO2 por moto produzida. Hoje emite 20,59 quilos de CO2 por moto. Para isso, transformará sua caldeira de
querosene para bicombustível. Já instalou 13 placas solares que geram eletricidade para alimentar os cabos da cerca de proteção da fábrica, as sirenes e parte da iluminação. Pretende instalar cata-ventos para energia eólica até 2010.

Roche
Quanto emite: 5.593
Plano para redução: O laboratório pretende trocar as caldeiras da fábrica para obter uma queima mais pura – que emite menos gases de efeito-estufa – na fabricação de medicamentos. Esse processo aumenta a eficiência, reduz o consumo e, conseqüentemente, reduz a geração de CO (monóxido de carbono, um dos gases que aumentam o aquecimento global) e CO2.

Souza Cruz
Quanto emite: 46.571
Plano para redução: A empresa usa energia renovável – lenha de reflorestamento – para a geração de vapor, utilizada na fabricação de cigarros. A madeira plantada substitui o combustível fóssil, que lança carbono na atmosfera.

Suzano Papel e Celulose
Quanto emite: 795.819
Plano para redução: A plantação de eucalipto para fabricação de papel tira da atmosfera 4,6 toneladas de carbono para cada tonelada produzida pelas atividades diretas da empresa. Como retira carbono da atmosfera, a Suzano vende créditos na Bolsa de Chicago.

Telefônica São Paulo
Quanto emite: 58.946
Plano para redução: Pretende diminuir o uso do ar-condicionado nas centrais de regiões de clima mais ameno, pois 50% da energia gasta nas operações de rede provém da refrigeração.

Redação Época

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